terça-feira, 30 de março de 2010

Um dia diferente

Acordei sem despertador às 4:18 da madrugada. Não deu para tomar nem um cafè. Deixei dupla ração de água e comida para a cadela Biriba, peguei bolsa, boné, óculos e sai de casa antes do dia amanhecer.
Quando cheguei no estacionamento, faltavam ainda cinco minutos para o ônibus partir. Como a poltrona 13 estava já ocupada, sentei na 23.
Por incrível que pareça, o ônibus das 5h saiu de Pipa quase lotado e durante a viagem muitos passageiros ficaram em pé.
Às 6:40h desci do ônibus em Parnamirim, no Posto Dudu, cruzei a BR na passarela e fui logo perguntar pro agente da "Nordeste" qual fosse o próximo ônibus pro oeste.
Ranieri, já meu conhecido, que tem também uma lanchonete à beira da estrada, me comunicou: 45 minutos de espera para o expresso Natal-Assú-Mossoró, 23 reais a passagem, 20 pra mim. Comi duas coixinhas, bebendo suco de cajá e lendo um pouco.
Às 7:30h subi no ônibus e fui sentar numa das poucas poltronas livres, perto de uma mulher com duas crianças e ao lado de um rapaz dormiente. Para recuperar o sono perdido, tentei cochilar um pouco, mas não foi fácil.
O neném no colo da mãe, sentada no outro lado do corredor, gosta de gritar. A irmazinha, que deve ter uns quatro anos, é mais tranquila. A jovem mãe tem um sorriso bonito e gosta de conversar. Ela tem também belas pernas nervosas, que me mostra em varias poses, se ajeitando na poltrona.
Em Lajes o ônibus sempre dá uma parada por uns 15/20 minutos e todo mundo deve descer. Aproveitei disso para dar-me uma refrescada, lavando o rosto e molhando os cabelos no banheiro da lanchonete.
É nessa altura que, subindo de volta no ônibus, eu sempre aviso o motorista que pretendo descer no trevo de Itajá, que não é parada obrigatoria. De Lajes para Itajá, sem entrar em Angicos, a viagem demora menos de uma hora. Depois da entrada para São Rafael, só faltam poucos minutos para a chegada.
Às 10:30h desci do ônibus, atravessei a BR e segui caminando em direção à cidade. Da BR até a minha casa tem cinco quilometros. Logo que entrei na cidade, encontrei Tito, que mora no Sítio Araras. Nos cumprimentamos e cada um seguiu pro seu caminho.
Atravessei toda a cidade e na altura do mercadinho de Lourenço, como no fundo do coração eu esperava acontecer a qualquer hora, uma businada me avisou que ia rolar uma carona.
Era o próprio Tito, dirigindo uma motocicleta emprestada. Subi na garupa da moto e em poucos minutos chegamos no Sítio Araras.
Nas horas mais quentes, ninguém anda na rua sem razão.
Entrando em casa encontrei tudo em ordem. Se eu fosse ficar, deveria só passar a vassoura e espanar as teias de aranha. Antes de fechar a casa, cubro tudo com uns lençois para simplificar o serviço na chegada.
Ao abrir a porta de trás, logo deparei com o imbuzeiro cheio de fruta. A arvore está tão carregada que os galhos ficam pesados, querendo arriar no chão.
Subi na arvore, sentei na minha postação preferida e fiquei comendo a fruta diretamente no pé, tendo o cuidado de escolher os frutos na sombra, por que a fruta quente dá dor-de-barriga. Depois de um bom tempo, desci da arvore e fui beliscar outra fruta, dessa vez no pé de acerola.
E isso foi meu almoço.
Fui no banheiro e, ao mesmo tempo, o lavei todo tomando um bom banho refrescante. A água do tanque fica sempre bem fresquinha e, nas horas mais quentes, tomar um banho de cuia é um verdadeiro alívio para o corpo e a alma.
Botei no fogo a água para fazer o café que não tomei quando acordei. Recuperei os documentos que vim buscar e os guardei na bolsa, junto com duas contas que colocaram por baixo da porta, durante minha ausência.
Mal terminei de tomar café que vi uma jovem estudante sentar-se na sombra da varanda da minha casa. Assim perguntei pra ela se ia passar o ônibus escolar; a menina disse que estava mesmo preste a chegar.
Fechei assim o banheiro, a casa, peguei bolsa, óculos, boné, uma bermuda, que tinha deixado ali da útima vez por que estava molhada, e já a busina do ônibus anunciava sua chegada.
No micro-escolar troquei umas ideías com Romário e Marcelo até chegar na praça grande de Itajá, onde tem duas diferentes escolas, de 1º e 2º grau.
Da praça fui de novo andando até a BR, onde uma pequena cobertura simboliza a parada dos ônibus, taxi, moto-taxi, etc.
Por baixo da cobertura está a banquinha de um ambulante e uma turminha que passa o dia inteiro jogando baralho.
Bebi dois cafezinhos com mais açucar que café, escrevendo parte destas notas e depois o micro-ônibus alternativo pra Natal chegou.
Às 13:40h estava já começando minha viagem de regresso: quase 500km num dia só, ida e volta, Pipa - Sítio Araras - Pipa.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Leitura na praça em Sibaúma

A biblioteca infanto-juvenil, criada no novembro passato em Sibaúma pelas mulheres do Leitura na Praça, está abrindo ao público, a partir deste mês de março, de segunda à sexta, das 3h às 6h da tarde, graças ao apoio de alguns amigos espanhois de Cíntia.
Com a modesta contribuição dos espanhois, Marisé está indo e voltando todos os dias, abrindo a biblioteca ao público e criando sempre novas atividades com os jovens sibauenses para chamá-los a frequentar diariamente a biblioteca.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Somos o que somos

Somos os livros que lemos, somos os alimentos que comemos, somos o que somos!

quinta-feira, 25 de março de 2010

sexta-feira, 12 de março de 2010

1982 - Combat rock!

Ontem, minha amiga Roberta publicou no FaceBook o link do videoclip de "Should I stay or should I go?" e improvisamente uma velha pelicula começou a rodar e projetar na minha mente imagens e recordações daquela época. Era o 1982, quando saiu o LP "Combat rock", ultimo disco do The Clash na formação historica e original: Joe Strummer, Mick Jones, Topper Headon e Paul Simonon. Agora estou escutando todo o CD para entrar melhor no processo de flashback.
...
No 1982 eu tinha vinte anos, uma moto 125cc. preta, um soco-de-ferro e uma faca de mola sempre no bolso do casaco de couro, porque nunca se sabe...
Arranjava fácil uns bicos, mas nada de sério... principalmente ganhava um dinheirinho carregando e descarregando caçambas de caminhão cheias de caixas de fruta e outras coisas.
Escutava Ramones, Clash, Patti Smith, Motorhead e muitos outros.
Os meus melhores amigos eram A., F. e M.; a minha namorada era ainda P., porém confesso que me encontrava secretamente também com uma amica dela, S., da qual gostava muito, mas ela também tinha um namorado.
De manhã, ia com A., de mobilete, atravessando Roma varias vezes, procurando as novidades musicais nas lojas da hora, comprando uma camiseta usada aqui e um velho livro interessante acolà.
Às vezes passavamos na frente do bar ou do colegio errado e ai a gente saía correndo, seguidos por skins fascistoides rodando correntes no ar.
Com M. desenhando, eu escrevia historinhas em quadrinhos o tempo inteiro, na esperança de ver publicada alguma coisa nas revistas Totem ou Frigidaire.
M. desenhava muito bem, mas eu só fazia bonequinhos.
Frequentava a Faculdade de Filosofia, mas sem me esforçar demais. Assim no junho parti para o serviço militar: Salerno e depois Napoli.
De Napoli, todos os sabados de manhã, depois do levanta-bandeira, corria à estação dos trens e ia a Roma, onde ficava até a meia-noite do domingo. Devia voltar ao quartel antes do levanta-bandeira da segunda-feira.
Em pouco tempo me fizeram cabo e depois cabo-maior. Quando não fazia serviço de vigilancia, organizava os turnos dos outros soldados no escritorio da companhia. Como não se usava ainda o computer naquela época, se preparavam os turnos à mão, em grandes cadernos, atentos a ser justos e não deixar ningúem descontente.
Nos serviços de vigilancia que comandava, levava comigo sempre as mesmas pessoas, que formaram um pequeno grupo de amigos.
Às vezes o quartel passava a noite em estado de alerta geral e assim nos parecia um pouco como se fosse Apocalypse now! Porém nunca aconteceu nada de grave.
O 13 de dezembro comemorei a Roma com P., S. e os amigos meus 21 anos.
Para as festas natalinas, optei no quartel por uma semana de licença no reveillon.
Fomos todos pra montanha e alí fazia um frio danado. Eramos uma dezena de amigos entre garotos e garotas. A casa onde ficamos era do pai de L. e F.
Conosco veio também B., que usava heroina. Teve uma crise de abstinencia e L. deveu levá-lo pro hospital para tomar o metadone. À noite do último dia do ano, a peito nú fui cortar a lenha no jardim. Quando voltei em casa alguém me passou uma garrafa de gin. Para fazer o palhaço, bebi d'um gole meia garrafa. Imediatamente cai duro no chão e desmaiei.
Go straight to hell, boy!
Quando enfim acordei do coma etilíco, varias horas depois, já era o ano novo e todos deram um suspiro de alivio.
Não estava morto.
...
Assim ontem fiquei com "Should I stay or should I go?" na cabeza o dia inteiro; quando fui dar dois beijinhos na minha gata, depois do jantar, na praia, ela não reconhecia a musíca que eu cantarolava...
Putz, mas quando você nasceu?
No 1982.
Olha só...

terça-feira, 9 de março de 2010

Risotto picante com abobrinhas

Ingredientes
para 2/3 pessoas

uma xicará de arroz
duas abobrinhas
azeite de oliva
alho
pimenta calabresa moída
cominho
sal

Lavar bem as abobrinhas e reduzi-las em finas tirinhas. Esquentar na panela 5 colheres de azeite com 2 dentes de alho. Acrescentar as abobrinhas, ajustar de sal e deixar refogar uns cinco minutos, sempre mexendo com uma colher de pau.
Adicionar o arroz, uma colher [chá] de sal e misturar bem os alimentos na panela. Ajuntar 3 xicarás e meia de água quente, cobrir a panela com a tampa e deixar no fogo brando por 20 minutos, misturando de vez em quando.
Quando a água estará reduzida a um caldo grosso, acrescentar uma colher [chá] de cominho e uma de pimenta calabresa. Misturar bem, desligar o fogo e deixar o risotto abafar 5 minutos na panela tampada antes de servir.

Variante: trocar o azeite por 40gr. de manteiga e o alho por uma pequena cebola, cortada finissima.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Pedra da Chapeleta

A Pedra da Chapeleta, que com a sua presença gera as ondas do pico de surf "Abacateiro", se mostra em toda a sua beleza somente em raríssimas ocasiões, quando o mar se retira completamente do arrecife. Assim foi durante alguns dias de maré grande na lua cheia de março, nesta semana. A pseudo-caverna que se forma na parte inferior, incrustada de um coralo vermelho incomum, é habitada por centenas de caranguejos...