quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

[meu sertão] Sobre alimentação



Já fazia tempo que eu vinha ruminando esta ideia de adequar a alimentação à minha idade, necessidades e expectativas.
No fim do março passado, aproveitei para dar o chute inicial à ideia, saindo por uma expedição solitária em canoa de cinco dias, sem carregar carnes, embutidos etc.
Naqueles dias, comi ovos, queijo e, um dia, aceitei um peixe, oferecido por um pescador, que preparei ensopado.
Quando voltei em Pipa, me decidi a tornar-me ovo-lacto-vegetariano. No começo, comi bastante ovos e queijo, por que achava que fosse preciso substituir a carne com um ou outro. Depois fui acertando as coisas, lidando principalmente com a grande limitação de poder comprar só o que estiver à venda, seja em Pipa que no sertão.
Uma mudança importante que veio junto com a abolição da carne, foi eliminar do meu cardápio todas as porcarias! Salgados ou doces, todos os produtos industrializados foram eliminados. Para isso funcionar bem, existe só um método: não comprar e levar pra casa porcarias!
Assim fui substituindo todas as porcarias, que comia sem pensar muito, com fruta; principalmente uva, na Pipa.
Aqui no sertão tenho uma produção própria de acerola e umbu-cajá, que se prestam muito para uma das minhas atividades preferidas: beliscar na rede, lendo um bom livro.
Não sou nutricionista, nem adepto de nenhum movimento a favor do vegetarianismo. por isso, não acho que a minha alimentação seja melhor daquela de ninguém, tampouco quero ser um exemplo.
Escrevi esta nota, apenas para matar a curiosidade de uns amigos, que ficaram me perguntando...

Atualmente, dezembro de 2015, no sertão do Vale do Assu, estou me alimentando no dia-a-dia, consumindo os seguintes produtos:

Abobrinha
Alho
Batata doce
Batata inglesa
Berinjela
Cebola
Cenoura
Coentro
Couve
Pimentão
Repolho
Tomate

Arroz integral
Macarrão para sopa¹

Feijão preto¹
Feijão verde²
Grão-de-bico²
Lentilhas¹

Farinha de mandioca
Milho para pipoca¹
Tapioca

Peixe (tucunaré, ou tilápia)³

Ovos caipira³

Castanha de caju

Queijo manteiga artesanal²
Queijo coalho artesanal

Azeite de oliva
Manteiga da terra²

Acerola
Banana
Laranja
Melão
Umbu-cajá
Uva

¹ uma vez por semana
² uma vez a cada quinze dias
³ uma vez por semana, às vezes duas, outras nenhuma

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

[meu sertão] Um domingo tranquilo


Que preguiça bateu hoje, gente! Montei todo o esquema da oficina por baixo do imbuzeiro, mas até agora, nada de concreto.
Domingo super tranquilo, o vizinho está de boa hoje: estamos escutando Zé Ramalho, por enquanto... rss
Acordei cedo e passei de uma rede pra outra. A sensação que tenho é que hoje não vou fazer nada mesmo, tiradas as tarefas cotidianas, que não posso deixar de executar...
Ontem, teve a "festa do osso" para as cadelas, e depois saímos por um rolé selvagem até a Pedra do Elefante... as doidonas botaram pra correr todo bicho que encontramos !!! kkk
A Pedra do Elefante ficou tão longe da margem, que nem banho de rio tomamos. Com meia lua no céu, dá pra curtir uma caminhada noturna numa boa! Voltamos pelo caminho comprido e entramos em casa pela porta principal.
Acordei com vontade de dar uma pedalada até o Paraú, tomar banho de rio num lugar diferente, mas depois pensei que é melhor deixar para ir lá amanhã, quando não vai ter ninguém mesmo no local.
Acho que vou cozinhar só à noite hj... tô cheio de fruta, e vou comer uma tapioca quadrada que comprei sexta na praça. Melhor que comprar goma pra mim, é comprar duas dessas tapiocas grandes, que vende uma mulher na praça nova, e guardar num saquinho de plástico. Dura três dias numa boa, fora da geladeira, digo. Na geladeira deve durar uma semana.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

E o sorriso da Lua, gente ?! Desliguem TVs e PCs e apreciem um pouco o céu


E o sorriso da Lua, gente ?!
Desliguem TVs e PCs e apreciem um pouco o céu

Posso estar ficando é velho... mas nunca vou ficar careta!


É... foi massa mesmo, ontem. Eu dormi na rede por baixo do imbuzeiro, agasalhado em meu poncho vermelho. Acordei por volta das 4h30. Tomei café rapidamente e sai para dar uma volta com as quatro cadelas, Cherepa, Branquinha, Cabeça e Olhinho. Na beira do rio, tomei aquele simbólico banho de água geladinha e depois seguimos caminhando por um pedaço, até um penhasco onde as cadelas se divertem muito a pular de pedra em pedra, correr atrás dos lagartos etc...
Harmonia celestial, nenhum barulho, nem de longe, bem baixinho. Só o vento e o canto dos passarinhos. Ai sim, tomei um bom banho demorado; fiquei boiando e viajando em todas as coisas que se pensam num momento desse. Finalmente as cadelas vieram tomar banho também e foi aquela algazarra.
Quando deu umas 9h, voltamos pro Sítio Araras, onde chegamos depois das dez e meia, pois voltamos bem devagar. parando ora aqui ora ali.
A caminhada foi grande, como escrevi ontem.
Chegados em casa, as quatro cadelas comeram e desmaiaram na sombra, onde permaneceram o resto do dia. Só se animaram à noite, quando bateu de novo a fome.
Eu fiquei naquela: colhi um bocadinho de fruta das arvores, fiz um café, escolhi uns três, quatro livros... e passei a tarde na rede, lendo e beliscando a fruta; escutando e olhando os passarinhos, cantando na sombra do imbuzeiro.
Cozinhei um arroz com legumes só à noite.
Comi e dormi cedo.
Já hoje, segunda, acordei cedo, mas o programa foi diferente...
Tomei café, peguei a bicicleta e fui pedalando até Itajá. Lá peguei um táxi coletivo e fui até Assu. No Assu, levei minhas botas pro sapateiro, depois fui procurar comprar na madeireira umas tábuas para construir uma estante para todos os livros que trouxe no sertão nesta minha última vinda. Caminhei pra caramba, do centro pra madeireira e, na volta, carregando as tábuas no ombro.
Pesquisando em varias lojas de material de construção, consegui comprar uns tantos grampos de marceneiro ("sargentos") dos quais estava precisando. Paguei a conta da energia, comi um pastel de queijo ao forno e tomei um suquinho de caju. Sem perder tempo, peguei um táxi coletivo de volta para Itajá, voltei pedalando pra casa. Às 11h já estava em pé ao lado do tanque, tomando aquele banho de cuia refrescante!
Que bom! Agora estou com material e ferramenta para realizar um bocadinho de serviços que viviam pendurados na lista das coisas pra fazer.