segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O córrego fantasma e o equinócio de primavera


20 de setembro de 2010
Acordei cedo para terminar de arrumar todas as coisas. Fui me despedir de Marina Luna que vai passar esses dias com a mãe e deixei com elas a cadela Biriba e minha bicicleta emprestada, para ir e voltar da escola. Um pulo na Internet e depois Kombi para Goianinha (onde encontrei Josiene) e ônibus para o Posto Dudu em Parnamirim. Lanche (coxinha, café e suco) esperando o expresso para Mossoró das 2h. No meio do caminho, pouco antes de Lajes, estourou um pneu do ônibus, assustando todo mundo com o estrondo, mas nada de grave. Só uma breve parada para trocar o pneu e a viagem continuou. Do trevo de Itajá na BR304 até o Mercado Padre Cicero dessa vez fui de moto-taxi, por que tinha muita bagagem. Como sempre, depois ter feito as compras, a picape das entregas me levou pra casa junto com a mercadoria. Logo que cheguei em casa, guardei as compras na geladeira e passei très vezes a vassoura no piso, antes de tirar os lençóis que cobrem os moveis e os livros nas prateleiras. Primeiros apareceram os meninos Mateus, Maria Clara e Bruna para dar-me o bem-vindo; depois vieram Marcelo e uns outros rapazes da vila para saber as novidades. Armei a rede, comi pão com mortadela e queijo coalho, lendo uma pequena publicação do prof.Juvandi sobre pré-história na Paraiba. Comi também um pacote de "raivinha" antes de adormecer.

21 de setembro de 2010 - Expedição Equinócio de Primavera
Acordei bem cedinho, mas fiquei preguiçoso na rede até às 7h, quando escutei o barulho da água chegando no tanque. Preparei e tomei duas xícaras de café e depois fui tomar um bom banho, aproveitando ao mesmo tempo para lavar o banheiro e regar o pé de acerola logo lá fora. Trepado no umbuzeiro, vi passar Valdo e o pai, Tico, voltando da pesca com o barquinho a motor. Acenei para eles e pouco depois Valdo apareceu em casa com a estrovenga amolada; marcamos para encontrar-nos em uma hora, quando ele voltar do Itajá. Pouco depois das 8h Marcelo chegou e puxamos todas as canoas fora da casa de taipa, que transformei em oficina/estalagem, para fazer manutenção. Enquanto eu fiz os consertos necessários, Marcelo foi limpando e lavando as canoas. Quando Valdo chegou fizemos uma reunião "Igaruana" sobre segurança e outros assuntos importantes dos quais não me canso de voltar a falar cada vez que for necessário. Valdo ficou responsavel de limpar o terreno da frente e de tras de todo o plastico presente na área. Eu e Marcelo começamos a arrumar toda a tralha para nossa breve expedição. Cozinhei um quilo de feijão verde e um bocadinho de cuscuz para ter uns alimentos já prontos. Tomei mais duas xícaras de café e comi duas bananas. À 1h da tarde descemos com a canoa até o berço-d'água e carregamos nela todo o equipamento. Zarpamos do Sítio Araras à 1h30'. Desde logo encaramos um vento SE meio atravessado que nos atrapalhou um pouco. Mesmo assim decidimos encurtar o caminho e apontei a canoa direto pro Estreito da Ilha da Caixa, remando bem no meio do rio, sem passar perto da Itatinga ou da Ilha E. Ao passar o estreito, fizemos uma pausa para comer uns biscoitos. Sempre com o vento soprando atravessado, agora já formando umas marolas, continuamos a remar sem parar até o pôr-do-sol, opondo ao vento o esforço de ambos os remos no mesmo lado da canoa. Mais perto do lado selvagem desse trecho do rio, vimos muitos paturis e Marcelo avistou por uns breves instantes uma jaguatirica se movendo entre as juremas sem folhas. Às 5h45' chegamos numa ilhota onde já paramos só pra conhecer e lembrar que é um bom lugar para acampar e descarregamos toda a tralha da canoa. No GPS marcamos a ilha como Campo N, na frente de São Rafael, mas a 1,6km de distancia, relativamente perto à outra margem do rio. Percorremos segundo o GPS 16km em 4 horas, um bom tempo com aquele vento desfavorável. Quando o sol desapareceu no horizonte, a lua já estava alta no céu. Acendemos uma pequena fogueira e comemos peito de frango na grelha (sal e cominho) com feijão verde e cuscuz temperado com tomate, cebola e coentro. Deitado na rede escrevi minhas anotações enquanto Marcelo já dormia e o vento continuava soprando sem parar.

22 de setembro de 2010 - O córrego fantasma
O vento SE continuou soprando a noite inteira, parecendo às vezes que alguém quisesse me acordar balançando a rede com força. Acordei às 5h e logo acendi o fogo para preparar o café. Pouco depois levantou Marcelo também e começamos a organizar as coisas. Como café-da-manhã comemos frutas e cuscuz com ovos, tomando suco e café. Sempre com o vento contrario meio atravessado, remamos até às 8h15' quando dobramos à nossa direita e continuamos em direção à ilha Timbauba. Quando chegamos lá conhecemos "seu" Francisco, um ancião morador do Sítio Mutamba, que estava plantando capim na vazante. Perguntei-lhe sobre o corrego que a gente procurou tanto durante a 1ª Expedição Itacoatiara (com Marina Luna, em julho de 2009), quando Nil nos contou que remontando esse curso d'água dá pra chegar perto de uma caverna que os antigos caçadores da região usavam para arranchar. Aproveitamos dessa parada também para lanchar com biscoitos e suco. Segundo as indicações de seu Francisco chegamos num bonito recanto com muitas arvore de carnaúba. Um morador do lugar nos disse que acolá se chama Olho-d'água e que o lugar que nos estamos procurando se chama Malhada-d'areia. Assim nos deu outras indicações para chegar ao "córrego fantasma", como já o rebatizamos. Remamos, remamos, prestando a maior atenção em eventuais entradas escondidas, mas não encontramos algum sinal do córrego em questão. Às 11h30' chegamos numa ilhota no meio da qual existe uma grande aroeira e ali decidi parar para preparar o almoço. Acendi o fogo entre umas pedras e preparei frango na manteiga com cominho, alho e coentro. Como acompanhamento: arroz da terra, feijão verde e salada de tomate, cebola e cenoura. Depois do almoço Marcelo foi lavar a louça e eu preparei um litro de café que fui tomando ao longo da tarde. Marcelo trepou na arvore e conseguiu encontrar uma posição para ficar deitado sem cair facilmente. Na quietude da tarde quente, passei um tempinho pensando na real localização desse córrego, no desencontro com nosso guia local Antonio alguns meses atras e na dificuldade de visitar a tal caverna. Alguns pica-paus vieram pular de galho em galho na sombra da aroeira e me trouxeram de volta à realidade. Deixamos o rancho (no GPS: Aroeira2) por volta das 3h e fomos remando de volta até a ilha Timbauba, onde estava pensando de acampar para assistir ao por-do-sol e o nascer da lua cheia do alto do penhasco, mas encontramos no mesmo canto onde a gente costuma parar alguns pescadores já arranchados para passar a noite. No meio do caminho vimos um grande numero de garças-açu que, em cima de um rochedo, ficavam esperando a hora certa para voar, mergulhar o bico na água e pescar um peixe. Já sentado na canoinha dele, encontramos seu Francisco, pescando entre as tantas pedras ao redor da Timbauba. Remamos por mais uma hora e nos acampamos por baixo da aroeira do Sítio Mutamba (GPS: Campo M/Aroeira). Acendi a fogueira entre umas pedras e assistimos ao por-do-sol dum lado e o nascer da lua do outro. Preparei o café e comemos sanduiches de pão integral com mortadela, fatias de tomate e queijo coalho. Um morador do Sítio Mutamba, seu Josimar, veio soltar um cavalo amarrado numa estaca e nos convidou para ir dormir na casa dele. Já deitado na rede, mais tarde, vi chegar na aroeira umas tantas corujas, que pularam de galho em galho, brilhando no clarão lunar como fossem de prata.

23 de setembro de 2010
Enquanto a gente estava dormindo nas redes armadas por baixo da aroeira, um burro e um cavalo vieram visitar-nos. O burrico atacou a caixa dos alimentos, mas não fez muito estrago. Mastigou, sem nem conseguir comer, um meio pacote de pão de forma integral, no próprio saco de plástico, e acabou comendo o papelão da bandeja dos ovos, sem quebrar nenhum deles. O cavalo foi cheirar o cabelo de Marcelo, que acordou assustado com o cabeção do animal bem pertinho dele e pulou da rede para botar os dois intrusos pra correr. Eu continuei dormindo sem saber de nada até não acordar de manhã. Ventou muito também nessa madrugada, praticamente sem parar. Às 7h tomamos um café-da-manhã reforçado e às 8h15' zarpamos do Sítio Mutamba, finalmente sem vento contrario. Remamos sem parar até às 11h quando chegamos perto da torre da igreja da antiga cidade de São Rafael. Com o nível do rio tão baixo, um bom pedaço da torre fica por fora d'água. De repente o ventou parou geral e a temperatura ambiente subiu sensivelmente. Encostamos à margem perto da Prainha para fazer um lanche (Marcelo) e tomar um banho refrescante (eu). Recomeçamos a remar e não paramos até chegar à Itatinga, onde acendi o fogo e preparei o almoço. Depois de comer, descansamos um pedaço na sombra de uma grande arvore encostada no rochedo que cria a área abrigada por baixo da Itatinga. Dezenas de passarinhos vieram pular de galho em galho: rolinhas, pica-paus, beija-flores... para alegrar nossa estadia. Marcelo lavou a louça e eu fiz o café. Depois voltamos a remar até não chegar na baia abrigada do Sítio Araras, onde está meu pé de cajarana no sertão.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

Quando deus morreu...

Ho conosciuto Nicola Somenzi al Book Shop, una stravagante libreria/biblioteca comunitaria che esiste qui a Pipa già da più di dieci anni.
Quando sono arrivato, nel Book Shop non c'era altri che Nicola e così abbiamo cominciato a scambiare due chiacchere, prima in portoghese e poi, subito dopo aver riconosciuto l'origine comune, in italiano.
- Cintia non c'è?
- Non lo so... quando sono arrivato qui non c'era nessuno.
- Normale. Fra un pochino tornerà, vedrai.
_ Voglio lasciarle una copia del mio libro.
- Un libro tuo? Maddai...
E così ho scoperto che a Pipa ogni tanto viene anche un italiano interessante, insieme ad un mucchio di insignificanti turisti, e che esiste il Progetto Letterario Alga, un'ottima iniziativa editoriale di Alessandro Pradelli, che pubblica libri di giovani autori italiani ad un prezzo equo. Per stimolare la coscienza critica del lettore, il Progetto Alga propone di votare per uno dei cinque libri che vengono pubblicati ogni anno, usando l'interattività della Rete (www.projetoalga.it/vota).
Ho letto la prima volta "Quando Dio morì" di Nicola Somenzi in un paio d'ore, sdraiato nell'amaca in giardino, qualche giorno dopo il nostro incontro. Poi, come mi piace fare, l'ho riletto a "mozzichi e bocconi", come si dice a Roma, aprendo le pagine a caso o cercando un brano da capire meglio, ma anche per rileggere appena un passaggio particolarmente apprezzato.
Nel complesso il libro mi è piaciuto. Non sto qui a parlare della trama per non togliere il piacere a nessuno di scoprirla da solo.
Con certezza è stato piacevole poter esaminare la profondità psicologica di alcuni dei personaggi del libro: primo tra i quali, naturalmente, il protagonista, Luca, alter-ego dell'autore, che, improvvisamente, nel bel mezzo di una vita quotidiana contemporanea, vive una esperienza a dir poco fantastica, non sempre originale, ma con contaminazioni letterarie, cinematografiche e, addirittura, fumettistiche a me congeniali.
Anche la figura del prete, Don Anselmo, è stata molto ben delineata da Nicola, che ne ha fatto uno dei perni della storia, rappresentandolo nella sua più pura indole di sacerdote di un qualsivoglia culto religioso: prevaricatore, subdolo, sapiente amministratore del potere del quale dispone e unico dispensatore della parola del dio onnipotente, nel mondo reale, così come in quello fantastico.
Consiglio, a chi piace leggere, "Quando Dio morì": è un buon libro interessante. Un romanzo da leggere per poi riflettere.
Spero in breve di avere tra le mani un nuovo libro di Nicola Somenzi, trentenne parmigiano, che lavora tra il Medio Oriente e Milano, ma sogna l'America del Sud e Blade Runner; magari una raccolta di racconti, forse il mio genere letterario preferito.