domingo, 16 de agosto de 2009

Play it loud !!!

Meu nome é A, sou brasileira de Curitiba e a alguns meses moro na Pipa, sou advogada, tenho espirito crítico e resolvi estabelecer-me aqui.
Existe um restaurante muito conceituado que se chama [omissis], que deve ser muito MAL administrado, porque todas as tardes seus funcionários transformam o mesmo em uma sucursal da Igreja Universal do Reino de Deus, e, em um ato de desespero colocam péssimos hinos evangélicos a todo volume, ao ponto de todos aqueles que passam terem de tapar os ouvidos..
Com certeza estas pessoas nunca irão comer ai por a noite por pensarem que se trata de mais uma empresa do bispo EDIR MACEDO.

Tenho dito.
Até a próxima.
A.



Bom dia, Amiga
não tenho ainda o prazer de conhecé-la e espero num próximo futuro encontrá-la para trocar ideias sobre morar na praia da Pipa, pro e contra.
Com certeza teremos muito para falar.

Ao ler sua mensagem, a única novidade na qual reparei é a sua presença na cidade, pois pelo resto tudo me parece bem normal.

Não sei a Curitiba, de onde você vem, mas pelas minhas andanças no Brasil sempre deparei nesse inconveniente que é o som alto; mudando os estilos (forró, reggae, sertanejo, axe, rock, brega ou qualquer outro), sempre tem pelo menos uma pessoa mal educada levantando o volume demais !!!

No verão, quando a Pipa está lotada de turistas, você vai ver o que é bagunça !!!
Dos carros, das casas, de pequenos e poderosissimos carros-de-som, que vendem CDs e vídeos piratas até na praia, se levanta o som de tal forma que, mesmo se for música boa, fica desagradável.
Mas como já disse: isso acontece em qualquer canto, não é uma caracteristica exclusiva da Pipa.

Já o volume do chamado religioso é outro assunto sério !!!
Me lembro de quando, ainda criança, ia passar alguns dias de verão numa casa de campo no meio do nada, num vale verde e bonito. Lá na Italia... lembranças já antigas.
No meio da natureza, a gente curtia aquele som ambiente bucólico, que não é o silencio, mas nunca incomoda. Bom...
No domingo de manhã, improvisamente a tranquilidade era rasgada pelo som que saia das cornetas montadas na torre da igreja... não sei dizer quanto longe, mas longe.
Assim, quem estivesse naquele vale, querendo o não querendo, ia escutar toda a missa e receber a bençao do deus todo-poderoso.
Nada é novidade como pode ver.

Não sei se foi o consumismo, a globalização, ou sei lá o que, mas a religião virou um negócio popular nas últimas decadas. Não precisa ter mais milenios de passado religioso!!!
Você também pode criar sua própria igreja, se quiser...
Aqui na Pipa o negócio religioso está em alta este ano!!!
Enquanto os comerciantes se queixam da chuva e da temporada fraca, os novos ministros de tantas fés prosperam, constroem e trocam de carro à toda hora.
Agora virou chique ir de gravata no templo... acho um pouco extravagante nesse clima tropical. Mas, como moderno povo eleito, talvez eles usem essa gravata para ser reconhecidos no dia do juizo final !!! Não sei...

Quanto ao restaurante que você citou, não sei o que dizer, sinceramente. Confesso que, passando lá na frente à tarde, reparei mais de uma vez com o volume bem mais alto do usado durante o expediente; mas reconhecer a música como evangelica, assim como você disse, eu não cheguei a fazer.

Acredito que o simpatico amigo T, administrador do restaurante, não saiba nada disso, e por esta razão envio pra ele cópia da sua queixa e da minha resposta.

Minha proposta para resolver o problema aqui na Pipa é clara e unívoca: aplicar as multas e sequestrar os aparelhos de quem ultrapasse o volume consentido por Lei !!!
Qualquer que seja a fonte do barulho.
A Polícia Ambiental fica fiscalizando os bares da rua principal; legal. Mas deveria também medir o volume desses cultos religiosos. E, principalmente, sequestrar os aparelhos dessas casas de veraneio que se transformam em boates 24h, atentando à quiete pública durante toda a temporada. Digo sequestrar para evitar aquela coisa de sempre: a Polícia vai embora e o volume levanta de novo.

Considerada a sua profissão, sugiro-lhe, se tiver vontade de aplicar parte de seu tempo para o bem da comunidade, prestar assistência legal para uma associação comunitária que precise disso, como o Núcleo Ecológico da Pipa ou o Conselho Comunitário, dois grupos que lutam a muitos anos sem tantos recursos; a ajuda de um advogado seria ótima e poderia transformar completamente a atuação deles.

Escrevi muito, por que, afinal das contas, um simples acontecimento levantou mais de uma problematica social. Mas espero ter satisfeito suas expectativas, quando decidiu inserir-me entre os destinátarios de sua queixa.

Tudo de bom pra você, amiga.
Tchau.