A jornalista canadense Naomi Klein, 35 anos, autora do livro No Logo (literalmente, "sem logotipo"), converteu-se em intérprete e inspiradora dos movimentos anti-globalização que têm infernizado diversos encontros de representantes do FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial e OMC (Organização Mundial de Comércio).
Ativistas britânicos que pretendiam protestar na Suíça foram barrados na fronteira por que carregavam o livro de Naomi, considerado "literatura subversiva".
O livro fala sobre empresas que vendem o significado das marcas, e a maneira como essa idéia, que parece ser simples, tornou-se tão poderosa. Quando uma empresa define que vende significado, ao invés de produtos, há uma frenética busca por novas maneiras de projetar essa marca na cultura. Há cada vez mais marketing em espaços públicos, mas também existe uma espécie de fome que surge com essa cultura. A maioria dos eventos culturais e esportivos que eram públicos agora são patrocinados, e não existe jeito de fugir do logotipo dos patrocinadores.
Esse tipo de marketing de significados é muito caro, e por causa disso as empresas estão vendendo suas fábricas e bases industriais para financiá-lo. A produção perdeu importância, e é por isso que vemos bases industriais que exploram mão-de-obra barata no terceiro mundo.
Talvez você fique com menor vontade de possuir aquele tênis da moda quando souber que quem colou e costurou o sapato é feito escravo na fabrica onde trabalha.
O livro revela também o processo de traição das promessas centrais da era da informação: opções, interatividade e liberdade crescente. Oferece, ainda, uma organizada compilação dos protestos mais significativos contra as grandes corporações e sua influência mundial.
No 2002 este livro foi publicado no Brasil pela Ed. Record que, no ano seguinte, lançou também o último livro da Klein, "Cercas e janelas", uma seleção de artigos que abordam temas como Alca, Nafta, alimentos geneticamente modificados, copyright e música na Internet, patentes de remédios, experiências comunitárias em Buenos Aires, ativismo antinuclear nos desertos da Austrália, o PT e a ATTAC (Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos) na criação do Fórum Social Mundial de Porto Alegre, "fundamentalismo econômico" e mídia alternativa, o subcomandante Marcos e o Exército Zapatista de Libertação Nacional...
Naomi Klein apresenta seu trabalho também num site sensacional que utiliza a tecnologia slashcode. Faz uma crítica contundente ao branding, mostrando um lado humano de se tratar com a relação produto/ consumidor. http://www.nologo.org/
No Book Shop Pipa existe por enquanto uma cópia em castelhano desta bíblia do crescente movimento anticorporativo.
Aconselho fortemente esta obra para quem está interessado em saber além das idiotices dos Jornais Nacionais que, ao invés de informar, servem apenas de divertimento para patetas boquiabertos e prontos a aceitar qualquer tipo de notícia sem se questionar sobre quais as intenções de quem pré-digeriu as reportagens. Um livro indispensável para quem se propõe a entender a sociedade atual, suas contradições e desafios. Nunca mais você entrará inocentemente num grande shopping center; após a leitura de "No Logo" você entenderá porque sente tanta vontade de comprar coisas que muitas vezes não precisa nem mesmo quer. Um livro contra o consumismo, grande vilão do meio ambiente nas épocas atuais.