sábado, 5 de outubro de 2013

Tapa na cara da Cultura!



A Revista Bora?! esteve presente à Conferência Estadual de Cultura em Natal, sexta 27 de setembro, com dois seus representantes, que não perderam a ocasião para registrar esta declaração de repudio de Marcos Antônio da Silva, diretor do Grupo Arte Viva de Santa Cruz/RN, em relação à desorganização do evento.
André Renan gravou a declaração e Jack d'Emilia editou o vídeo.

HP - A ilha da Pipa

Historia de Pescador
A Ilha da Pipa
(originalmente publicada na Revista Bora?!)

Não é nada não, mas eu quero dizer procê que o que contam por ai aos turistas que vem visitar a Pipa, é uma bela de uma mentira. 
Mentira, sim, minha gente... deixa que eu explico direitinho. 
A Pedra da Pipa, a famosa pedra que, por parecer um barril aos olhos dos navegadores portugueses de quinhentos anos atrás, acabou dando o nome à aldeia indígena que surgia aqui, não existe mais há muito tempo. 
Pedra da Pipa, que nada!  Na verdade, querendo chamar as coisas pelo seu nome, deveríamos prestar mais atenção ao que esta escrito nos livros antigos e identificar a dita pedra como a Ilha da Pipa! Isso mesmo, uma ilha. 
O prof. Francisco Fernandes Marinho, filho de seu Antonio Pequeno, escreveu um livro que é a soma de suas pesquisas sobre a cartografia da Pipa de outrora. Ele consultou todos os livros da época do descobrimento que encontrou no Brasil e, não contente, foi até no Exterior procurar saber mais. 
O prof. Marinho foi à Portugal consultar um mapa de mil - quinhentos e cacetada, que matou a charada e tirou todas as dúvidas. No mapa “Capitanias Hereditárias” de Luís Teixeira, uma ilha está representada na frente de Itacoatisara, a 6º ao sul do Equador. Isto confirmou o que o prof. Marinho tinha lido num livro*: “Do porto de Búzios a Itacoatigara são nove léguas, e este local se chama deste nome por estar em uma ponta dele uma pedra de feição de pipa como ilha, a que o gentio por este respeito pôs este nome, que quer dizer ponta da Pipa". 
Deu pra entender? É o português de 1600. 
Assim, só podemos chegar à conclusão que essa ilha em forma de pipa sucumbiu à erosão e com o tempo sumiu. No começo deve ter sido um promontório que foi com o tempo separando-se do continente até formar uma ilha. O mar, o vento e a chuva fizeram o resto. 
Já nos mapas do século XVII, a ilha não está mais representada. Não é difícil de entender. Tudo dependeu do avanço constante do mar com o passar do tempo. 
Panky sempre conta que a única vez que surfou, pegou uma onda tão grande que o levou da Lajinha até o Lajão. 
Imagina só que ainda uns quarenta anos atrás, a vila caiçara de Pipa estava à beira-mar e não tinha essas falésias de agora: a praia se estendia compacta até onde hoje estão os arrecifes, uns dois metros acima do nível atual. Na vila tinha muitas casas de palha ainda naquela época, mas também um curral de gado para vaquejada e as vendinhas de Dona Juanina e da professora Domitila. 
O mar foi subindo, subindo... e invadiu a vila. 
Os pescadores aos poucos foram morar na rua de cima. 
Tá bom. Outra vez eu conto mais. 

*“Roteiro Geral com largas informações de toda a Costa do Brasil” de Gabriel Soares de Sousa, 1587