domingo, 2 de agosto de 2009

Não é muito, mas é f... !



Depois muito tempo passado em vão fuçando na web, hoje encontrei, quase por acaso, publicado no Youtube: "Não é muito, mas é Mário", curta-metragem do amigo Eddy Polo Lira Junior, verdadeiro cult-movie da praia da Pipa, rodado na Fazenda Bom Jardim em Goianinha e numa casa de taipa na Pipa, no ano 2000; vídeo praticamente inédito que narra a visita do escritor Mário de Andrade nesta região. A produção independente e sem muitos recursos financeiros foi ideada e planejada no Book Shop Pipa numa época na qual tinha me afastado desse lugar por outras razões; portanto foi só depois que Eddy e eu ficamos amigos que me interessei mais à coisa.
Só para lembrar um pormenor, me recordo que naquele ano 2000 fui contatado por Bruno Barbalho, também ele envolvido no projeto, que me pediu para realizar, a título meramente gratuito, um retrato de Mário de Andrade, que executei rapidamente no meu estilo "cartoon", com um cigarro meio torto na boca, e entreguei pra ele na minha casa, sem participar ativamente dessa produção em momento nenhum.
Que pena... penso agora.

Diretor da película foi o pernambucano Eddy Polo Lira Junior, que tinha já participado de algumas produções cinematográficas independentes no Recife, numa das quais como cenógrafo.
O titulo do filme foi sugerido pelo linguista alemão Ulli Raab, naquela época professor da Cultura Inglesa em Natal.
O papel de Mário de Andrade foi interpretado por Jesus Esopo, antigo morador de Pipa, proveniente do Pais Basco. Ele contracenou com o escultor potiguar Jordão de Arimateia, que desempenhou o papel de um bruxo, a quem Mário de Andrade procura em suas pesquisas sobre o candomblé.
Cameraman do filme foi o uruguaio Ernesto Gillman e contra-regra o paraense Eder Jofre Guimarães, outro morador de Praia da Pipa há mais de uma década. As filmagens na Fazenda Bom Jardim em Goianinha contaram com a presença especial do maquiador Amaro Lima.
O italiano Giovanni Palmerio filmou com uma handy-cam os bastidores de "Não é muito, mas é Mário" registrando todas as etapas da produção. Entre os muitos amigos e conhecidos que participaram das filmagens, ao assistir pela primeira vez à obra desaparecida, reconheci: Pablo Bracchi, Jorge Curvelo, os capoeiristas Jean e Pipaline, o pescador Carioca, João Doido e muitos outros... homens, mulheres, jovens... nativos, estrangeiros... queria, aliás, que quem se reconhecer no filme, dissesse pra mim, por favor.


O filme foi apresentado ao publico uma única vez no telão do Garagem Bar&Co na praia da Pipa. Depois disso um foi pra lá, outro acolá, o uruguaio voltou pra casa. E o tempo foi passando.
Alguns meses depois Eddy Polo, ingênuo como poucos do tamanho e idade dele, entregou a sua única cópia do filme para um conhecido seu, que a levou pro RJ e alí a perdeu. Quando Eddy me contou isso, inconformado com o acontecido, pelo e-mail comecei a procurar entrar em contato com Ernesto, que tinha outra cópia do filme. Nunca obtive resposta alguma.
"Não é muito... mas é foda!!" exclamamos ao uníssono Eddy e eu, quando hoje disse pra ele que o filme foi publicado na web como se fosse do próprio Ernesto.
Mas o prazer de assistir finalmente o curta foi bem maior que qualquer desgosto.
Assim Eddy me disse que brevemente pretende entrar em contato pessoalmente com Ernesto Gillman, para obter uma cópia do material original e poder finalmente realizar, como sempre quis, uma versão do curta-metragem de apenas um minuto de duração, para apresentá-lo no festival dedicado.
Vamos ver no que vai dar...

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